A evolução dos meios de comunicação se iniciou, de acordo com Sundfeld (2007), durante cinco fases. A primeira trata-se da Implantação, ocorrendo nos anos 1950 e 60 devido a uma necessidade de maior abrangência territorial, levando à criação de empresas de grande porte regionais e nacionais. Em seguida, houve a Estatização e a criação da TELEBRÁS, que, por meio de enquadramento como economia mista, mas controlada pela União, geria 28 empresas em todo o território nacional. Após assumir o executivo, Fernando Henrique Cardoso anunciou a Flexibilização (terceira fase) das telecomunicações no país, buscando seguir a tendência mundial do setor. Entre 1995 e 1997, houve a abertura do mercado de telecomunicações, que não deveria ser explorado por monopólio da TELEBRÁS. Para quebrar tal monopólio, inicia-se então quarta fase, Privatização, quando o Estado se retirou do mercado de telecomunicações e criou uma agência reguladora independente, a Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL. A privatização permitiu a entrada de novas companhias, aumentando a competitividade. Na fase da pós-privatização, porém, o desafio é fazer a ponte entre a regulamentação já estabelecida e os novos serviços e nova característica do sistema de telecomunicações, em transformação nos anos 1990 em diante, mediante o fortalecimento da telefonia móvel e da internet.
Do lado do consumidor destas diferentes mídias, a relação com o acesso à informação modifica-se no momento em que este passa a ter acesso às diferentes modalidades e serviços ofertados muitas vezes pelas mesmas empresas: telefonia fixa, telefonia móvel, internet e TV a cabo juntos no mesmo pacote. O consumidor passa a ter acesso aos diferentes meios e cada vez mais escolhe o que quer ver, ler, ouvir. Grande parte desta mudança foi causada pela entrada da internet, atualmente difundida de maneira ampla pelo país. O consumidor, o cidadão e o eleitor se encontram na internet no momento em que, a partir deste meio, é possível acessar conteúdos, notícias, redes sociais, círculos de debate que não estariam disponíveis na TV ou no rádio, por exemplo. Se antes o eleitor/cidadão ligava a TV e via a propaganda política, lia as notícias no jornal impresso, e ouvia as novidades no rádio conforme programação imposta pela prestadora do serviço ou produto, com a internet o indivíduo passa a ter acesso a tais informações no momento em que desejar, segundo o viés que desejar, e pode ouvir diferentes atores acerca do debate em questão. O cidadão não fica mais restrito àquilo que é planejado previamente, mas pode ter acesso facilitado aos conteúdos. Da mesma forma, devido à fluidez e dinamicidade presentes nos conteúdos difundidos através dos meios virtuais, esse acesso do internauta às diferentes notícias tornou-se muito mais rápida e autônoma que no rádio ou na televisão.
Em resumo, a partir da observação da evolução na distribuição e no acesso dos meios de comunicação, desde a TELEBRÁS até a pós-privatização e difusão da internet, é possível chegar à conclusão de que a dinamicidade das plataformas virtuais de notícias, desde sites de jornais até as redes sociais, passou a modificar de forma decisiva os padrões de informação política dos cidadãos brasileiros. Isso diz respeito tanto à facilidade e rapidez com que as informações chegam até as pessoas, quanto à pluralidade das mesmas, que ocorre pelo fato de a internet ser menos endurecida quando comparada a outros meios de comunicação de massa, como o rádio e a TV. Além disso, existe a possibilidade de se procurar pelas informações as quais se tem maior interesse, o que torna o internauta não mais um “receptor passivo” da notícia, mas, sobretudo um agente capaz de selecionar determinados conteúdos e até mesmo exercer ativismo político e direcionar respostas diretas a essas informações.
Por Priscila Januario
Referências
SENDFELD, Carlos Ari. A regulação das telecomunicações: papel atual e tendências futuras. Revista Eletrônica de Direito Administrativo Econômico, Nº8, Salvador, nov/dez 2006 – jan 2007.
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